OBS: Já existe uma revisão de Mushishi,feita pelo ilustre Sakakibara
(recomendo que você leia a revisão dele e tenha visto o anime), no entanto, meu
papel aqui é trazer e mostrar o anime de um maneira mais sentimental, holística
e com palavras mais difíceis.
“Mushi, also known as Midorimono ("green
thing"), have been described as "life in its purest form". (Fonte: MushishiWiki)
Mushishi (nessa revisão, trata-se também de Mushishi Zoku Shou) é um
anime centrado nos Mushis (a primeira vista, considere o conceito dado acima) e
em Ginko, um Mushishi (especialista em Mushis). A história é, sendo bem curto e
grosseiro, uma grande andança pelo Japão Feudal com Ginko ajudando os conflitos
entre Mushis e humanos. Não existe seqüência cronológica, nem um final
explícito no plot de Mushishi, ou
seja, o plot desse anime não vai te
dizer até onde o anime pode ir (você não consegue supor um final só lendo a
sinopse).
Mas, já digo, isso é
uma visão mais rasa que um pires. Essa revisão tem como objetivo mostrar que Mushishi
é um anime que usa e abusa da simplicidade para mostrar algo de uma complexidade apaixonante.
Se você pudesse reduzir a “vida”, à sua forma mais básica, isso teria que forma
? Seria bom ou mal ? Bem, Mushishi faz responde essas perguntas e te apresenta a
forma da “vida”, e a forma é disforme, mutável, e é invisível aos olhos comum.
E, pior, ela é amoral (ou seja, indiferente a bondade ou a maldade). Essa forma
básica de “vida” são os Mushis, eles vivem entre as pessoas e os animais,
muitas vezes, parasitando esses seres.Mushis tem características únicas, eles tem um modo de viver parasitário
diferente um do outro, interagem entre eles e com o mundo humano de milhões de
maneiras. Com o passar do anime, Ginko explica vários conceitos enciclopédicos
sobre os Mushis existentes (se Mushishi
fosse uma profissão real, Mushishi seria uma grande vídeo-aula).
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Koumyaku, ou "Rio de Luz" é um fenômeno invisível (para muitos), onde os Mushis se reúnem em uma grande torrente. |
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"Imeno no Awai" é um Mushi (em forma de pássaro), que quando encontrado em conchas é um sinal de problemas vindos do mar.
Muitos humanos não podem ver
os Mushis, vê-los é quase um dom. Mas, mesmo não podendo ver os Mushis, eles
afetam a vida humana. Já aqui começa algo muito interessante das constituição
de Mushishi. Os personagens (que são apresentados, desenvolvidos e “terminados”
em um episódio), apesar de muitos não verem os Mushis, sabem da sua existência
e mesmo os que não sabem, aceitam a existência deles na primeira explanação de
Ginko sobre (geralmente, essas explanações ocorrem em todos os episódios), ou seja, os pequenos seres são um FATO DADO para todos.
Todos os personagens em Mushishi
por mais transitórios que pareçam, tem algo a nos ensinar (uns mais e outros
menos), outros apresentam lições básicas e corriqueiras, outros a morte,
as paixões, os medos. No entanto, podemos extrair um denominador comum desse vasto número de personagens, esse denominador é o grande contato que os
personagens têm com o mundo espiritual. Tudo é envolvido em um ar místico e
espiritual, sem que isso caia em algum esquema de poder sobrenatural ou em uma
aula de teologia, a mistura dos Mushis com os personagens (e com o próprio
Ginko) é um poderoso encontro da natureza, dos espíritos, e dos humanos de uma sociedade
distante da de hoje.
O “mundo proposto” (esse termo renderá um
artigo, anotem isso) de Mushishi pode ser definido em uma simplicidade
oriental, ou seja, ele mostra um modo de vida místico, religioso, rural que até
para muitos orientais modernos foi perdido. Mushishi é uma brincadeira ,de muito bom
gosto, com as místicas de um Japão Rural e de seu grande livro de mitos e culturas. Não existe um arcabouço complexo de
poderes, viradas mirabolantes na história, protagonista com um senso moral que
o impede de perde ( também não existe aquela garota peituda para fazer fan-service, o fan-service é zero, sim, ZERO)
Em Mushishi existe: uma
enciclopédia de seres curiosos, um homem sem poderes e misterioso que viaja e
personagens como eu e você (só que em um Japão de 1500).
Está óbvio que assistir
Mushishi é uma viagem (sem drogas), mas essa viagem ainda apresenta outros elementos
de destaque, ou melhor, de intensificação. Primeiramente, uma soundtrack
genial, de uma leveza e harmonia impensável. “The Sore Feet” (abertura de
Mushishi) te prepara para andar e andar muito, assim como “Shiver” (abertura de
Mushishi Zoku Shou) que apesar de não mostar muita correlação direta com o
anime, é cantado (por Lucy Rose) em uma voz angelical. No entanto, apesar
dessas aberturas já de peso. Recomendo muito para os que assistiram (ou querem
assistir Mushishi), que escutem a soundtrack de nome: “Kyou Mayu Tori” e “Kaze
no Tamakura”. Os sons em Mushishi lhe fazem mergulha em um mundo mais calmo e
seguro, recomendo aos leitores que tirem seu tempo para escutar tanto a
Soundtrack de Mushishi quanto a de Mushi Zoku Shou. Isso sem falar da dublagem que passam todo o rigor e ternura de um japonês feudal.
Para falar do trabalho de animação, eu poderia dizer tudo que se fala de bom em uma tela de aquarela clássica, ou seja, harmonia, brilho e luz balanceados, leveza, tons pasteis. Isso tudo em cenários bucólicos, distantes, cenários que não precisam ser romantizados (esse detalhe é importante, a vida rural não é romantizada em Mushishi, fome, doença, chuva e seca destroem e matam vilas inteiras).
Até o reflexo tem uma perfeição de doer os olhos
Mesmo em cenas onde poderiam doer os olhos de tanto brilho e luz, um certo grau de leveza, realismo e sombras sonda os cenários de Mushishi
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Conclusão: assista Mushishi
e descubra um mundo anime que lhe conquista e lhe seduz por simplicidade,
harmonia, leveza e espiritualidade.
Ótima critica! Amo esse anime
ResponderExcluirParabéns muito assertivo no resumo e crítica.
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