Crítica de animes #51 - Guilty Crown e o Estagiário
Eu, o Estagiário, estou aqui para comprar briga... sim, vamos falar de uma polêmica que rondou os fórum, revistas, vídeos, críticas de anime em 2012 (e até hoje). “Ladies and Gentlemen”, lhes apresento: Guilty Crown
Guilty Crown é um shonen,sci-fi e com toques de romance.
Tudo se passa em um Japão que foi
destruído por um vírus mortal, devido a essa doença as NAÇÕES UNIDAS (ONU)
ocupam o país, suprimindo a liberdade da população japonesa em troca da proteção
contra o vírus. Para completar, toda essa supressão de liberdade é feita com
armas especiais, robôs de combate com armas de fogo e espadas. Como
contrapartida, nasce um grupo de resistência contra a ONU, para tentar retomar
a liberdade japonesa. Por incrível que pareça, não estamos falando de Code
Geass.
A
primeira vista, seria sensato pensar que a história giraria unicamente em torno
disso, no entanto, não falamos de nosso lindo protagonista. Leitores, lhes
apresento: Ouma Shu
Nosso protagonista. Não se deixe levar por essa cara determinada |
Shu é protagonista de Guilty Crown. Tímido, fraco, medroso e
com um corte de cabelo padrão de protagonista dos últimos três anos. Shu não parece ligar muito para a situação de
seu país, mas nutre uma paixão intensa por Inori (cantora da Egoist no anime),
devido ao desenrolar de vários eventos, ele acaba encontrando Inori. Para
surpresa dele, ela é membro do grupo revolucionário e está em perigo, Shu ajuda
a dita cuja e acaba despertando um objeto que Inori tinha roubado para os
revolucionários. Shu libera uma arma genética, que é capaz de materializar o
coração alheio em formas de armas.
Primeiramente, cabe dizer que tudo que relatei é a sinopse
com a adição do primeiro episódio, ou seja, você não leu spoilers, Guilty Crown
é um anime que já começa com uma quantidade interessante de informação,
informação de mais, na verdade. A construção do plot de Guilty Crown é
altamente inconstante, e tudo na série é recheado de reviravoltas, “viradas de
mesas” e muitos “plot twists”. Os acontecimentos não são fluidos e progressivos
(tanto na segunda quanto na primeira fase do anime), muitos episódios são
carregados de uma quantidade massante de diálogos e pequenos cortes e outros de
cenas lotadas de ação, ou, como no primeiro episódio, saltos entre uma
introdução de um fato e uma batalha.
Destaque para uma coisa que enche os olhos de todos que
assistem Guilty Crown. A dinâmica do poder de Shu, o de materializar corações
em armas, é fenomenal, de uma criatividade imensa, todos os “corações” que Shu
retira tentam revelar um pouco dos personagens, no entanto, sou obrigado a
dizer que algumas “analogias” (entre os personagens e suas armas) são forçadas,
nada naturais. Além disso, como já foi
dito, os “poderes” (as batalhas, de modo geral) dependem de robôs (Mechas), o
que não é nada muito novo, nem inovador.
Depois dessa passagem sobre o “plot” e as dinâmicas dele,
temos que falar dos personagens. Bem, a
primeira impressão é que são interessantes, no entanto, esse interesse vai se
perdendo, exatamente pela dinâmica que a história vai tomando. O
desenvolvimento dos vários personagens (a exceção de Shu e Inori) é , assim
como no plot, uma falta de equilíbrio. Na primeira fase do anime existe uma
tímida (bem tímida mesmo) divisão na apresentação dos personagens (o que lhe
faz focar em personagem x ou y com mais facilidade), no entanto, a própria
quebra de ações e falta de harmonia do plot vai fazendo o trabalho de tornar os
personagens não muito especiais, e de pouco interesse (sua ligação com os
personagens se torna bem superficial e rasa, tirando alguns raros momentos).
E quanto a Shu ? Existem muitas críticas quanto a Shu como
personagem, além do clássico de ser um protagonista legitimamente Shounen (que
todos os leitores saibam o que isso implica), um grande ponto é que Shu é altamente
passivo e opaco. Em outras palavras, Shu é maleável, poucas vezes parece que
Shu toma uma atitude, ou tem um próprio parâmetro de ação, tudo e todos no
anime parecem conseguir mandar em Shu, ele é um personagem altamente
manipulável e de pouca atitude para um personagem de Shounen típico.
E Inori ? Bem, ela faz o papel “clássico” de mulheres em
anime, se relaciona com o protagonista, assume certo papel importante, mas em
geral, será a “princesa” que precisa ser resgatada. Um personagem que se mostra
majoritariamente raso.
No entanto, nem tudo é perdido em nossos personagens e em
nosso protagonista. Alguns personagens são interessantes, apesar de pouco
explorados ou perdidos em sua exploração. E o próprio Shu mostra determinado traço
de personalidade (principalmente, na segunda fase do anime), ou seja, revela
certo objetivo, certa moral, certo modo de agir, que cria um pequeno elo entre
Shu e os telespectadores. Além disso, existe certo grau de romance no anime,
que apesar de ser realmente romântico, é altamente irrealista e difícil de
engolir (na realidade, em alguns momentos pode-se retirar o romance e o anime
não perde nada de relevante, em outros, parece um elemento emocional
forte, em suma, a apresentação do
romance é altamente desbalanceada em GC).
Depois dessa “chuva de elogios”, você deve pensar que tudo está perdido em GC.
Mas, dois grandes elementos aparecem de maneira espetacular. O primeiro é a animação, como foi dito, os
poder de Shu é algo “inovador” e diferente, no entanto, ele não seria nada sem
o jogo de efeitos e luzes que os animadores criaram. É de uma beleza
maravilhosa. Os personagens (e principalmente, seus olhos e cabelos) carregam
traçados definidos e brilhantes e os cenários são carregados de uma atmosfera
seca e pós-apocalíptica que se encaixa no tema e destaca os personagens e seus
belos traçados.
Em segundo ponto, GC apresenta uma OST maravilhosa. O vídeo
postado no começo dessa crítica é “um” dos vários bons sons em GC. Supercell e EGOIST fazem as belíssimas
aberturas e fechamentos de Guilty Crown, músicas envolventes e com o estilo
japonês de fazer rock. Dentro do anime, tracks como “release my soul” , “krone”
e “Rearragend Medley” fazem um espetáculo em tentar salvar o anime de todos os
seus defeitos. Retire um pouco do seu tempo para escutar a Soundtrack de Guilty
Crown, será uma das melhores que você escutará.
Ainda no elemento “som”, a dublagem tem seus méritos, Kayano
Ai (dubladora de Inori e de outro personagem na série, espero que você descubra
qual) mostra como sua voz é versátil (mesmo com um personagem feminino tão
clichê e de voz tão estridente), Kaji Yuki (um experiente dublador de
personagens shounen) usa de sua voz meio aguda e feminina, juntamente Tsuda Minami
(dubladora de Slice of Life e comédia) para dar voz a Shu. Os dubladores são de
uma boa qualidade, no entanto, os personagens não ajudam na exposição do melhor
deles.
Se minhas palavras não são suficientes, assista
essa cena (que não lhe dará nada de spoliers):
Guilty Crown é um anime que você deve assistir para ter
parâmetros de como animes podem fracassar em algumas coisas e acertar
magistralmente em outras. No mais, eu fico com a opinião de Tristan Gallant (ou
Glass Reflection), que me inspirou a colocar em palavras o que achava de Guilty
Crown, de que GC pode servir de “porta de entrada” para uma pessoa ao mundo dos
animes. Veja por sua conta e risco.
Bem, a polêmica foi colocada na mesa por mim, o Estagiário,
se você se sentir no dever de me questionar, o faça nos comentários.
Crítica de animes #51 - Guilty Crown e o Estagiário
Revisado por Haiju
em
domingo, dezembro 20, 2015
Nota:
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