Fuuka - Derrepente, ladeira abaixo...
*Aviso: contém spoilers, leia por própria
conta e risco!
O comportamento humano costuma ser muito influenciado por seus
sentimentos. Abandoná-los e viver uma vida completamente racional é plenamente
impossível (mesmo o vazio provavelmente é uma consequência de emoções). O que
dizer então das consequências daquele que é o mais breve, porém intenso deles,
a paixão? O amor costuma ser tema de muitas obras dramáticas em todo o mundo.
Não seria diferente nas animações japonesas.
É claro que há uma diferença cultural entre a forma de
demonstrar carinho entre os diferentes lugares deste mundo. Estranhamos ver a
maneira tímida que os personagens de anime demonstram seus sentimentos. Tanto
que a decepção que muitos fãs costumam ter é o fato do casal as vezes sequer se
beijar na obra (fica a dica para o próximo Fate...).
Da esquerda para a direita: Sara, Fuuka, Nachi, Yuu e Makoto |
DaNa temporada de inverno de 2017, um dos lançamentos que
decidi acompanhar foi Fuuka. O anime conta a história a história de Yuu Haruna,
um garoto bem tímido, introvertido, que passa a maior parte do tempo olhando
para o aplicativo do Twitter no celular. Um dia, acaba esbarrando em Fuuka
Akitsuki, uma garota que é bem exposta a personalidade dele, que o tempo todo
está ouvindo música com seu fone de ouvido. Após um atrito inicial em uma
grande avenida, os dois percebem que estudam na mesma escola, e iniciam uma
amizade, de início, indo a um filme com as músicas de Koyuki Hinashi, cantora
pop extremamente popular no Japão, e ídola de Fuuka. O que ela não sabe é que
Koyuki é uma amiga de infância de Yuu, e possui uma paixão platônica por ele.
Não demora muito para Yuu sugerir a Fuuka para ela começar
a cantar profissionalmente. Então ela decide formar uma banda, junto a Yuu, que
seria o baixista, e Makoto, amigo dos dois e tecladista. Também se juntam
Kazuya Nachi e Sara Iwami, baterista e guitarrista, respectivamente.
Bem, dada a sinopse, acho que já dá para perceber o
desenrolar da trama certo? É formado um triângulo amoroso, então todo mundo
começa a esconder seus sentimentos, etc. Sim, o anime é bem clichê, o que não
necessariamente é algo ruim. No começo, eu estava me divertindo com o anime,
apesar de algumas coisas sem sentido, tipo a respiração boca-a-boca que se
transformou em um beijo no terceiro episódio. Mas me chateia que a produção do
anime tenha feito escolhas tão ruim para o desenvolvimento da história...
Yuu e Fuuka no começo de tudo |
Não vou me alongar muito nos traços/animação do anime, porque
não tem muito o que falar, os personagens são bonitos, tem um ecchi leve na
obra, a obra não demanda lá muito da animação, as mesmas coisas de sempre. O
primeiro arco do anime é a aproximação de Yuu e Fuuka, que é bem feito até.
Vemos os dois sentindo uma atração um pelo outro paralelamente a sua amizade, e
culminando naquela bela fala de Yuu, demonstrando seus sentimentos depois de um
tempo brigado com ela. O próprio chega a pensar que fez uma declaração de amor
sem querer.
Então, vemos o arco de Koyuki, que foi o motivo da briga
dos dois no restaurante na praia. Ela decide se reaproximar de Yuu, sempre o
relembrando de sua promessa, que um dia iriam dividir o mesmo palco. Ambos são
fãs de uma banda de rock em hiato, chamada HEDGEHOGS, tanto que costumam se
chamar de Tama-chan (a vocalista) e Nico-kun (o baixista). Então temos o que para
mim foi o ponto alto do anime, que são os episódios 7 e 8, aonde Koyuki se
declara em rede nacional para Yuu, e diz que ela não é correspondida. Logo,
muitas pessoas se juntam para o primeiro show da Fallen Moon (a banda liderada
por Fuuka), apenas para agredir Haruna. Logo, Koyuki, que foi ao show
disfarçada para ver seu amado tocar, se revela para proteger o garoto.
Koyuki Hinashi, a idol do anime |
E a partir disso, a narrativa passa a progressivamente
perder seu sentido. Vemos Koyuki ganhando cada vez mais tempo de tela e
destaque, com ela e Yuu cada vez mais próximos. Ambos passam a sair juntos,
quase como um casal, mas o baixista não consegue sentir exatamente a mesma
coisa que a estrela pop. A personagem que dá nome ao mangá, de uma hora para
outra, chega a parecer apenas uma coadjuvante.
Bem, obviamente que Fuuka se encontrou apaixonada por
Haruna, este que não sabia se estava com medo de magoar Koyuki, ou se amava ela
mesmo. Tudo isso culmina em uma crise na menina dos cabelos azuis, que decide
sair da banda. Em meio a tudo isso, tivemos a cena polêmica, envolvendo um
certo caminhão. Bem, eu não li o mangá, então não posso dizer com propriedade
se a decisão para a solução do roteiro foi correta no anime. Sabendo do que
aconteceu na obra original, creio eu (com uma ênfase na palavra “creio”, com
letras garrafais de preferência) que a escolha da adaptação foi melhor, sabendo
superficialmente do que ocorre futuramente no mangá. Mas, novamente, não possuo
embasamento para discutir isso (se quiser dar sua opinião nos documentários, é
mais do que bem-vindo).
A grande verdade é que eu consigo entender a forma padrão
que os animes retratam um romance. O que eu não entendo, é Fuuka fazer a mesma
coisa, tendo logo no começo da narrativa demonstrado claramente que ambos
sabiam o que sentiam um pelo outro (me refiro a Akitsuki e Yuu). Depois de todo
aquele drama na praia, vemos os dois agindo como se nada tivesse acontecido, ou
melhor, sequer tendo consciência do que aconteceu. Então vemos Koyuki
praticamente roubando o protagonismo da obra, dando a entender que Yuu ficaria
com ela, e depois aquela rejeição na cama, com Fuuka e Yuu percebendo novamente
que gostam um do outro.
Os mil e um disfarces de Koyuki |
Sinto como se o roteiro tivesse ficado uma bagunça, ou
então que quem escreveu a história da animação tenha um sério problema de
déficit de atenção. Veja bem, não vejo como um problema Yuu escolher ficar com
Fuuka, mas sim isso ocorrer após ambos “esquecerem” que teoricamente já
gostavam um do outro, e depois com uma inversão de papéis relâmpago. E, além de
perder destaque, é como se em dado momento Fuuka tivesse sua personalidade meio
alterada, variando de uma típica tsundere, até uma garota meio fria, depois se
isolando do resto da banda... A segunda metade do anime o estragou.
Pior que isso, somente o desenvolvimento dos outros
personagens. Makoto, no primeiro arco, tem várias falas, uma presença
interessante, como o ponto de ligação entre os dois protagonistas. Então,
depois do 5º ou 6º episódio, ele praticamente passa batido nos capítulos.
Já Nachi, bem, esse caiu de paraquedas. Ele enchia o saco
da Fuuka para a mesma se tornar uma atleta, e do nada o cara revela que tem uma
bateria em casa e se torna integrante da banda. Sinceramente, sinto como se ele
fosse apenas um tapa-buraco. Até há algumas tentativas de torna-lo o alivio
cômico no final, mas não tem graça nenhuma.
E por fim temos Sara. O episódio em que ela aparece é tão
legal... queria que ela tivesse tido mais destaque na obra. Parecia que ela
seria mais uma integrante do harém do Yuu, mas acabou não rolando nada.
Infelizmente, é no episódio de seu aparecimento que todo o brilhantismo do
personagem é colocado, para depois acontecer o mesmo que ocorreu com o Makoto.
Pelo menos, a parte musical da animação é muito boa.
Vasculhando a internet, vi que o anime dá mais destaque para as canções. É
legal ver o contraste entre as vozes de Koyuki e Fuuka, sendo a primeira mais
suave e melódica, enquanto a segunda possui uma voz muito potente.
No final, Fuuka foi um anime “legalzinho”, que acabou me
enganando um pouco. Dentre àqueles que assisti na temporada de inverno 2017,
infelizmente acabou sendo só mais um, me decepcionando um pouco. Não creio que
ele seja em sua essência ruim... mas, talvez o grande problema dele, além desse
roteiro feito de qualquer jeito, é que ele não te impressiona, não consegue
marcar algo no telespectador.
E, só para finalizar, coloca uma cena de beijo no último
episódio caramba!
Fuuka - Derrepente, ladeira abaixo...
Revisado por Unknown
em
sexta-feira, abril 14, 2017
Nota:
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