Kobayashi-san Chi No Maid Dragon - O lado bom de ser humano.
A
temporada de inverno 2017 finalmente chegou em seu fim definitivo. Agora,
animes que mal se pagaram infelizmente terão que ter suas histórias continuadas
em suas mídias originais, e os sucessos de vendas continuarão em temporadas
posteriores.
Na foto, da direita para esquerda: Elma, Tohru, Lucoa e Kanna |
Uma
das produções que tiveram seu fim na atual temporada foi Kobayashi-san Chi No Maid
Dragon, da Kyoto Animation. Uma breve sinopse do anime: Kobayashi é uma
programadora que vive uma vida pragmática em seu apartamento. Em uma noite de
bebedeira, acaba passando um pouco do ponto e conhece um dragão chamado Tohru,
situação na qual ela, totalmente fora de si, acaba convidando ela para morar em
sua casa. No dia seguinte, ela acorda e Tohru está na sua varanda, dessa vez,
na forma de uma garota, mais precisamente uma empregada. Por uma certa sensação
de culpa e responsabilidade, Kobayashi decide deixa-la viver junto a ela, desde
que a mesma aprenda nossos costumes, e principalmente, as funções de uma “maid”.
Somos apresentados a mais personagens, praticamente a cada episódio, tendo
destaque os outros dragões Kanna, que em sua forma humana é uma menina com
cerca de 10, 11 anos e é acolhida por Kobayashi; Fafnir, um dragão que odeia
humanos e acaba tendo como desafio aprender a conviver com eles; Quetzalcoatl, ou simplesmente Lucoa, uma dragão-deusa (sim, aquela da mitologia azteca) e melhor amiga de Tohru; e
por fim Elma, que é uma “pseudo-rival” da empregada. Também é importante
ressaltar Saikawa, melhor amiga de Kanna, e Makoto, colega de profissão e amigo
de Kobayashi, que acaba fazendo amizade com Fafnir.
Maid
Dragon é uma comédia bem leve, que não tem medo de brincar com alguns clichês
de animes (repare no título do episódio da praia). Mas, é importante notar uma
certa alternada de foco a partir do 5º/6º episódio, em que cada vez mais o
anime passa a ter momentos de comédia dramática, com reflexões sentimentais
acerca de abandono, solidão, empatia, e entre outros.
Momento moe da Saikawa junto da Kanna |
Esse é
um ponto bem interessante da obra. Ao invés de possuir alívios cômicos, seus
episódios possuem “pausas”, nas quais essas reflexões acontecem. Existe uma
muito interessante em particular, naquele mesmo episódio da praia (episódio 7),
em que Kobayashi, ao conversar com Tohru enquanto pesca, dialoga consigo mesma
sobre a compreensão do próximo, a diferença entre ouvir uma pessoa e entender
uma pessoa.
Pude
notar que algumas pessoas não gostaram das alternações no tom do anime ao longo
dos episódios. Apesar de concordar que alguns episódios ficam bem abaixo da
média, ainda acredito que dentre os lançamentos da última temporada, tenha sido
uma das melhores obras. Indo além, talvez até seja a melhor, junto com Kuzu no
Honkai.
Do
aspecto técnico, é um anime da KyoAni, ou seja, ambientes maravilhosos (aquelas
cenas em que mostravam o apartamento da Kobayashi feito a giz de cera em
incríveis...), animação fluida e muito bonita, especialmente para o segundo
episódio, em que vemos a “brincadeira” de Tohru e Kanna.
Falando
em Kuzu no Honkai, do qual eu escrevi um artigo que foi postado semana passada,
acho interessante realizar uma correlação entre os dois. Enquanto o primeiro
aborda a realidade de uma maneira um tanto deturpada (intencionalmente),
chocando o telespectador a partir da exposição de um fato geralmente ignorado
pelas pessoas (que é o sentimento de impotência e sofrimento perante a
desilusão amorosa e a posterior superação disso), Maid Dragon é completamente antagônico,
tendo um ponto de vista otimista do cotidiano, embora ainda tenha inflexões um
tanto quanto melancólicas.
Porém,
Maid Dragon, assim como Kuzu no Honkai, nos oferece uma experiência de
aprendizado a partir da realidade. Kobayashi, ao viver com Tohru e Kanna, acaba
revisando muitos hábitos seus, e principalmente, muitas características as
quais não costumava levar em consideração, como sua solidão, sua distância da
família, sua aparente falta de habilidade social, entre outras coisas.
Kobayashi e Kanna... a dragãozinha que aliás foi a grande sensação do anime... |
Aliás,
a grande maioria das pessoas, ao chegarem a fase adulta, são condicionados a
adotarem um estilo de vida que, querendo ou não, suprime nossos desejos, nossos
antigos prazeres, e aos poucos, ao começarmos a perder a ingenuidade da adolescência,
começamos a “sujar” ainda mais nossa visão sobre a sociedade.
Basta
ver na própria dramaturgia. Quantos filmes saem por ano, que abordam crises
existenciais, depressão, substituição de uma vida controlada quase que
totalmente pelo trabalho e relacionados? Ou então as críticas sociais acerca do
egoísmo e outros defeitos de nossa espécie? Consegue contar? Porque eu não...
E Maid
Dragon é uma obra que mostra não só situações engraçadas entre uma empregada-dragão
e uma mulher, mas também o redescobrimento dos momentos de felicidade que
temos; do quanto nossas vidas, mesmo sendo extremamente cansativas e, às vezes,
degradantes, ainda são capazes de nos proporcionar um afeto que justifica todos
os momentos difíceis que passamos. Ou então, nesses mesmos momentos, que ainda
podemos ter alguém que nos conforte, como Kobayashi e Tohru. No fim
Kobayashi-san Chi No Maid Dragon é um anime sobre o lado bom de ser humano.
Tohru e sua típica animação. |
Kobayashi-san Chi No Maid Dragon - O lado bom de ser humano.
Revisado por Unknown
em
sexta-feira, abril 07, 2017
Nota:
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